CARTA DOS PROFESSORES DO CEMVA
Caríssimos (as) Alunos (as)
Prezados Pais e Responsáveis
Nós, Professores do Conservatório ESTADUAL de Música “Maestro Marciliano Braga” de Varginha, conscientes de nossas responsabilidades junto a todos os nossos alunos, vimo-nos na obrigação moral e profissional de apresentar-lhes a justificativa de nossa participação na Greve dos Profissionais da Educação vinculada à Secretaria Estadual de Minas Gerais.
Já há muito e muito tempo, nós que trabalhamos na educação estadual em todos os Conservatórios Estaduais, enfrentamos problemas profissionais em razão de não existir uma política educacional definida para nossa categoria (professores de música). Alguns avanços foram conseguidos com muita luta e determinação de todos nós, mas ainda estão aquém da realidade necessária a uma estabilização e reconhecimento de nossa atividade.
E, apesar dos Conservatórios desenvolverem atividades pedagógicas diferenciadas das chamadas Escolas de Ensino Regular (fundamental e médio), nossa classificação profissional segue o mesmo padrão profissional dos Educadores destas escolas no que se refere a salários e vantagens incorporadas. EM SUMA, ESTAMOS NO MESMO NÍVEL SALARIAL DE TODOS OS PROFESSORES ESTADUAIS.
Todas as informações que a população vem recebendo, principalmente da Mídia (rádio, televisão e jornais), sempre trazem informações oficiais do governo, não abrindo espaço para que nossa classe possa informar nossa realidade salarial, levando a população, informações que não condizem com a realidade que vivenciamos. Chegamos ao cúmulo de ver nosso piso salarial máximo (de um professor com pós-graduação e mestrado) a um valor inferior ao Salário Mínimo (o que já é ilegal pela Constituição Federal); isso sem contar o salário dos serviçais que representa cerca de 60% do mínimo. Os valores recitados aos ventos pelo governo representam o montante total dos vencimentos, onde estão inclusos valores que por LEI, é assegurado a todos como o biênio e qüinqüênio e os demais valores, são gratificações dadas por ele a fim de mascarar a falta de aumento real do nosso piso nos últimos 12 anos. O problema é que, todas as vezes que urge a necessidade de pagar os valores regidos por lei, estes são deduzidos dessas gratificações, produzindo um efeito maravilhoso para os cofres estaduais, NÃO EXISTIRÁ NENHUM AUMENTO DA FOLHA – se um professor passa a receber um qüinqüênio, este valor é deduzido das gratificações que passam a ser menores – PORTANTO, NÃO HÁ AUMENTO E NEM GANHO AO PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO.
Com os salários atuais, os professores são obrigados a trabalhar em TRIPLA jornada a fim de aumentarem seus vencimentos e suprirem suas necessidades. O resultado é que não há recursos para investirem na sua qualificação profissional e muito menos de atualização, mantendo seus conhecimentos calcados nas estruturas arcaicas do passado e conseqüentemente, sem a qualidade que o progresso exige (e aí falam que o professor é ruim e nada sabe). E não estamos sequer falando dos problemas de saúde devido à carga de trabalho elevada, e a falta de estrutura física e material de nossas escolas, fato que leva a muito de nós que amamos nossa profissão e ainda lutamos pela seriedade e responsabilidade da mesma, a investir recursos próprios para suprir as deficiências da instituição.
Somos conscientes que nossos alunos não devem e NÃO PODEM ser prejudicado, razão pela qual, o tempo da greve DEVERÁ OBRIGATORIAMENTE ser reposto, MAS NÃO PODEMOS MAIS FICAR OMISSOS. Nós, professores do Conservatório, não só estamos solidários aos professores das escolas regulares, mas ESTAMOS LUTANDO POR NOSSOS DIREITOS E NECESSIDADES.
Mas, infelizmente, PRECISAMOS da compreensão e colaboração de nossos alunos e de seus familiares... é necessário que compreendam nossa posição e dêem seu APOIO, respeitando nossa posição e, se possível, colaborando no sentido de mobilizar a sociedade como um todo e pressionar as autoridades competentes a favor de nossa causa: VALORIZAÇÃO DO EDUCADOR.
Se realmente a educação fosse tão boa quanto a propagando oficial do governo apregoa, não haveria correria todo ano para encontrar vagas nas escolas, não haveria necessidade de contribuições para a Caixa Escolar a fim de serem utilizadas nas despesas de manutenção da escola, e o mais importante, não seria necessário realizar propagandas como faz o governo federal no incentivo de formação de professores. Se falta professor é porque as outras atividades do setor privado representam melhores salários e melhor valorização do funcionário.
Pedimos então, a todos os alunos(as) e responsáveis, que procurem seu professores, conversem com eles para conhecer a realidade de cada um, compreendam e apóiem, se unam para que nosso PROFESSORES possam ter DIGNIDADE, RESPEITO e VALORIZAÇÃO. Aí sim, os resultados poderão ser totalmente diferentes do que vivenciamos hoje.
A todos que compreendem nossa posição e nos apóiam, os nossos agradecimentos. Aqueles que ainda tenham dúvidas procurem-nos e saibam por nós a realidade e depois tomem sua decisão. Se desejarmos uma EDUCAÇÃO DE QUALIDADE, é necessário que existam profissionais de qualidade para exercê-la, e isso só ocorre com a qualidade das instituições e da valorização de seus promotores: o professor.
Varginha, MINAS GERAIS: MAIO/2010
ASS: Professores Grevistas do CEMVA
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