BIBLIOTECA I - Textos Teóricos


Teoria musical

Uma das primeiras explicações formais sobre a natureza da arte musical reveste-se de caráter fantástico: é a idéia pitagórica segundo a qual o universo se constituiria de sete esferas cristalinas que emitem em seu movimento concêntrico as respectivas notas da escala em perfeita harmonia.
A teoria da música tem como objetivo a elaboração de um conjunto de disciplinas e interpretações gerais sobre os elementos e estruturas musicais.
Antigas teorias musicais. A música surgiu nas mais remotas culturas, para a celebração de acontecimentos festivos e litúrgicos. Assim aparece nas antigas civilizações orientais que, como a chinesa e a indiana, conheciam e tiravam partido de sua capacidade de produzir êxtase coletivo. Tais conceitos e usos se propagaram ao Ocidente, até se cristalizarem nas escolas filosóficas gregas, em teorias não isentas de caráter místico e metafísico.
O legado mais significativo da música grega antiga foi sua teoria escrita. A fragmentação dos restos conservados e a impossibilidade de reconstituir suas formas de execução dificultam a compreensão dessa antiga prática musical. Parece evidente, porém, o importante papel da matemática nas concepções teóricas. Suas origens costumam ser atribuídas a Pitágoras (século VI a.C.), que se baseou provavelmente em fontes egípcias e caldéias. As conclusões pitagóricas sobre a disposição dos intervalos, depois registradas por Euclides e Platão, atenderam plenamente às necessidades da música ocidental.
Até o século IX da era cristã, o esplendor alcançado pela civilização islâmica em diversos pontos de seu império permitiu um renascimento cultural inspirado em textos greco-romanos, sobre os quais se debruçaram várias escolas de tradução. Preocupada sobretudo com a perfeição melódica das composições, a cultura islâmica desenvolveu as formas vocais e os sistemas de afinação de instrumentos.
Teorias da música ocidental. As fontes gregas, transmitidas pelos fragmentos escritos de Boécio e enriquecidas pela cultura árabe, alimentaram as origens da teoria musical européia. Na liturgia cristã surgiram os oito modos eclesiásticos, inspirados nos gregos.
O cantochão, canto cristão antigo executado sem acompanhamento, era originalmente monofônico, constituído de uma única melodia cantada em uníssono. Em sua evolução surgiram as primeiras formas polifônicas, em que melodias simultâneas se entrelaçavam. A polifonia culminou nas missas dos mestres flamengos do século XVI, em que soavam em conjunto mais de trinta vozes diferentes. As dificuldades de execução a capela de tais peças eram tamanhas que o apoio da orquestra se tornou fundamental.
Pressões da igreja, que exigia o claro entendimento das palavras litúrgicas cantadas pelos coros, levaram a uma simplificação das vozes superpostas, e com isso o papel individual de cada melodia se tornava secundário. Em contrapartida, uma melodia que se destacasse como principal sobre o acompanhamento era investida de uma importância inexistente até então, o que redundou no surgimento da figura do solista. O novo gênero representativo dessa mudança foi a ópera, uma das principais formas musicais do início do barroco e bem representada pelo Orfeo, de Monteverdi.
A teoria, a partir do século XVII, teve no estudo da harmonia (matéria referente à organização dos sons simultâneos em torno de um centro tonal) sua linha de frente. O estabelecimento do atual sistema de afinação única para todos os instrumentos, chamado de temperamento igual, abriu o caminho para as composições orquestrais do classicismo e romantismo.
Já no século XIX, Richard Wagner, a grande figura do drama musical germânico, ditou regras universais sobre a concepção da ópera como espetáculo resultante da combinação de várias artes. A enorme complexidade harmônica transgrediu as normas clássicas de composição e incorporou elementos e sons considerados capazes de ameaçar ou dissolver a própria harmonia.
Essa tendência se explicitou em várias escolas do século XX, como a serial, a aleatória, a concreta etc., até o ponto em que a ancestral definição de música -- como sucessão de sons com um sentido específico que os diferencia do ruído -- foi alterada pela incorporação de todo tipo de material sonoro.
Consonância e dissonância. Até o século XX, os teóricos procuravam estabelecer uma classificação "objetiva" dos intervalos -- distância acústica entre duas notas, resultado da diferença de vibração entre elas -- em consonantes e dissonantes. Mas nenhuma definição desses termos foi consensualmente aceita, apesar das inúmeras tentativas de associar "consonante" a agradável, estável, suave, belo, e "dissonante" a desagradável, discordante, instável e feio. Não foi possível valorar de forma inequívoca um intervalo isolado, cujo caráter é alterado de forma considerável pelos sons que o circundam, o que faz com que aquilo que soa "instável" possa, dependendo do contexto, criar o efeito oposto.
Hermann von Helmholtz, em 1863, associou a dissonância à presença de batimentos, efeito sonoro que resulta da pequena diferença de freqüência entre sons simultâneos ou entre seus harmônicos (desdobramentos do som principal segundo leis acústicas), enquanto o termo consonância foi relacionado à ocorrência de harmônicos em comum. Segundo o compositor alemão Paul Hindemith, um acorde é mais dissonante que outro se contém um número maior de intervalos que, em separado, são dissonantes. Embora suas conclusões não tenham sido completamente aceitas, não surgiram explicações mais convincentes.
Escalas musicais. Dá-se o nome de oitava ao intervalo entre dois sons em que a freqüência do mais grave é exatamente a metade da do mais agudo. A tradição ocidental estabeleceu 12 notas diferentes em uma oitava, dispostas em uma seqüência onde cada nota se distancia da anterior por um intervalo denominado semitom. Muitas culturas, como a indiana, a árabe e a africana, dividem a oitava de outras maneiras.
Até o barroco, distinguiam-se os semitons ascendentes dos descendentes. Por exemplo, o som obtido ao se elevar de um semitom o ré (ré sustenido) não coincidia com o baixar de um semitom o mi (mi bemol). A partir do século XVII, o tamanho do semitom foi matematicamente estabelecido e padronizado, por um sistema de afinação conhecido como de temperamento igual. O novo sistema, de início criticado, antimusical, teve seu potencial demonstrado por Bach.
A aplicação do temperamento teve numerosas conseqüências importantes na história da música, tanto práticas como teóricas, entre as quais a possibilidade de, pela primeira vez, transpor-se uma peça para outra tonalidade, e o surgimento das notas enarmônicas -- que possuem nomes diferentes mas soam idênticas, como ré sustenido e mi bemol.
Os instrumentos de afinação fixa (que não pode ser manejada nem mesmo de forma sutil durante a execução, como a do piano) tiveram suas possibilidades musicais bastante ampliadas, enquanto aqueles cuja afinação pode ser alterada durante a execução e que utilizam freqüentemente alturas que não correspondem ao novo sistema, como a voz humana e o violino, passaram a ser denominados não-temperados.
Em uma peça determinada não figuram, na maioria das vezes, todos os 12 sons básicos. Os sons utilizados em cada caso -- dispostos em ordem do mais grave ao mais agudo, dentro dos limites de uma oitava -- constituem uma escala musical. Existe quase sempre, em um trecho musical, uma nota tornada mais importante que as outras, e que fica impressa na memória do ouvinte durante a execução. Isso é conseguido através de repetições dessa nota -- sobretudo no início e na conclusão da idéia musical -- e de certos encadeamentos que parecem criar a expectativa de seu aparecimento.
Tal nota constitui como um centro atrativo, a que está associada a sensação de repouso e satisfação do ouvinte, enquanto que os movimentos em torno desse centro provocam diferentes graus de tensão e expectativa. As outras notas integram-se, a partir disso, num sistema hierárquico, em que não possuem todas a mesma função e importância. Essa organização implícita tem o nome de modo. Uma única escala admite vários modos, conforme a nota que se esteja apresentando como centro tonal.
Na antiga música culta ocidental existiam muitos modos, o que ainda ocorre em culturas não-ocidentais e em manifestações musicais folclóricas e primitivas. Por volta do século XVII, a música ocidental passou a ser compreendida basicamente a partir de um sistema chamado tonalismo, onde prevalecem dois modos da escala diatônica, chamados maior e menor, remanescentes dos modos medievais. O que a princípio parece uma restrição tornou-se, na prática, poderoso instrumento de organização do universo sonoro, que permite uma riqueza de estruturas musicais até então desconhecida.
Quase toda a música culta ocidental, entre o século XVI e o início do século XX, foi composta sob a égide do tonalismo. Nos séculos XIX e XX, os compositores ocidentais começaram a usar, com freqüência cada vez maior, notas não-pertencentes à escala diatônica, criando variantes, e essa tendência estimulou a produção de novas escalas. Os limites do tonalismo passaram a ser sentidos como cerceadores da liberdade. A escala de tons inteiros (formada por seis notas separadas por intervalos de um tom) foi usada pelo francês Claude Debussy e outros, sobretudo na França e na Inglaterra, o que a tornou conhecida como escala impressionista. Escalas micro tonais, com intervalos menores que o semitom, também apareceram no século XX ao lado de novas propostas -- entre as quais a do dodecafonismo, novo sistema de composição que não se baseia em nenhuma escala, mas na construção de outro tipo de seqüência, conhecida como série -- e de uma revalorização das estruturas modais anteriores.








TEORIA MUSICAL BÁSICA

Roberto Carelli

O som é o resultado do choque de dois corpos. Quando ouvimos uma música, estamos ouvindo os ruídos resultantes da fricção/batida/sopro de um instrumento. Por exemplo, quando ouvimos um oboé tocando, estamos na realidade ouvindo o som do ar que o instrumentista sopra dentro do bocal se chocando com as paredes internas do instrumento.
A música é uma sucessão organizada de sons. Ao longo dos milênios, o ser humano foi desenvolvendo formas de produzir sons e anotá-los. A escrita musical que usamos nos tempos atuais tomou forma acerca de 500 anos, na Europa.Pela escrita musical ocidental, os sons musicais podem ser divididos em 7, chamados de notas, comos seguintes nomes: DÓ, RÉ, MI, FÁ, SOL, LÁ, SI. (Clique em cada nota para ouví-la). Essas notas são escritas em um sinal gráfico de 5 linhas sobrepostas, chamado de PAUTA ou PENTAGRAMA.




O sinal à extrema esquerda da pauta chama-se CLAVE DE SOL, e serve para indicar a linha da pauta onde deve ser escrita a nota Sol. Isso se deve ao fato de que existem outras formas de se colocarem as notas na pauta. A clave de Sol é uma estilização gráfica da letra G, pois na nomenclatura européia a nota Sol é representada por esta letra. Em cifragem de acordes, estarepresentação por letras é usada para indicar a base do acorde, como veremos posteriormente. 

Um acorde é a execução simultânea de dois ou mais sons.




O acorde acima possui três notas, e como a nota inferior é um Ré, este acorde é um Acorde de Ré



Uma ESCALA é uma sucessão ascendente ou descentente de notas, e um instrumento musical pode reproduzir uma escala com várias OITAVAS (uma oitava é o espaço entre uma nota e sua correspondente aguda ou grave mais próxima). O piano, por exemplo, abrange várias oitavas, desde notas da região subgrave até a super aguda. Assim, uma nota DÓ, por exemplo, pode ser tocada em diferentes alturas, mais agudas ou mais graves, conforme a oitava em que se encontre.




Para se escreverem notas graves, costuma-se usar a clave de FÁ(figura acima). Existem outras claves, como a de Dó, que costuma ser usada para partituras da viola sinfônica (não confundir com a viola popular de cordas dedillhadas). O som musical é formado por três elementos: a melodia (sucessão ordenada de notas), a harmonia (combinação de sons tocados simultaneamente) e o ritmo (sucessão regular de sons com durações distintas). A duração de uma nota é escrita na pauta usando-se as chamadas figuras de som, representadas na figura abaixo:





Tomando-se a Semibreve como ponto de partida, cada nota a sua direita tem metade do seu tempo de duração. Assim, a mínima dura metade da semibreve, a semínima metade da mínima, e assim sucessivamente.

Para definir o ritmo de uma música, usa-se na pauta a indicação do COMPASSO, que é indicado por uma fração colocada após a clave. Para um ritmo binário (uma batida forte e uma fraca) usa-se a fração 2/4, que significa duas semínimas por compasso. O número 4 representa sempre a semínima, usada geralmente como valor base para a definição de compassos e andamentos. Para um ritmo ternário (uma nota forte e duas fracas), usa-se a fração 3/4, e assim por diante.

Claro que esses ritmos são básicos, e uma peça musical apresenta muitas subdivisões de ritmos dentro de cada compasso. Seja quantas forem às notas dentro de um compasso, a soma de seus tempos de duração não pode nunca exceder ao valor total daquele compasso. Assim, numa música em ritmo quaternário (4/4), a soma de tempos das notas de cada compasso terá que ser exatamente quatro vezes uma semínima.




Observando o compasso acima, vemos que foram usadas notas com diferentes tempos de duração, mas a soma delas dá exatamente quatro vezes uma semínima, ou seja, 4/4.
Podem ser usados outros tipos de compasso, que usam outros valores como base. Um compasso binário que tem como base a mínima é indicado por 2/2. Se for um quaternário com base numa colcheia, indica-se por 4/8 . Observa-se que cada figura de som é indicada na fração do compasso por um número que é sempre o dobro do antecessor. Assim, a semibreve se indica por 1, a mínima por 2, a semínima por 4, a colcheia por 8, e assim por diante. Os compassos mais usados são o binário (2/4), o ternário (3/4) e o quaternário (4/4). Outro compasso usado com certa frequência é o compasso ternário composto, onde cada tempo tem uma divisão ternária. Neste tipo de compasso, o denominador da fração indicativa representa a figura de som que vale um terço de cada tempo do compasso. Por exemplo, o compasso 6/8, o numerador indica que o compasso é BINÁRIO (porque 6 dividido por 3 é igual a 2), e o denominador indica que a COLCHEIA equivale a um terço do tempo (lembrando que este compasso tem DOIS TEMPOS e cada tempo terá TRÊS COLCHEIAS). Mais raros são os compassos irregulares, como, por exemplo, um compasso de 7/4 ou 13/16. Estes indicam quebras de ritmo durante uma peça, ou uma peça inteira com um ritmo irregular.

Intervalo é o espaço entre duas notas. Podem ser Melódicos ou Harmônicos. Os Intervalos
Melódicos aparecem entre duas notas que se seguem uma à outra. Os Intervalos Harmônicos são distâncias entre sons que soam ao mesmo tempo, formando o que se chama de Harmonia. Os intervalos não são todos iguais e para os classificarmos, medimos a distância entre as duas notas que o constituem, contando com as notas de partida e de chegada. Essa distância é medida em tons e semitons.
O semitom no sistema musical usado nos países ocidentais (como o Brasil) é a distância mínima entre dois sons. No Oriente encontramos sistemas musicais com intervalos ainda menores. Um exemplo disso é a música indiana.
Como foi dito acima, os sons musicais são divididos em sete. Mas existem mais cinco sons entre eles, chamados de notas alteradas. Assim, numa escala ascendente a partir da nota Dó teremos a seguinte sucessão:
DÓ - DÓ # - RÉ - RÉ # - MI - FÁ - FÁ # - SOL - SOL # - LÁ - LÁ # - SI.




O sinal # chama-se sustenido e eleva em um semitom o som da nota.
Se esta escala fosse descendente, ficaria:

DÓ - SI - SIb - LÁ - LÁ b - SOL - SOL b - FÁ - MI - MIb - RÉ - RÉb.




O sinal b chama-se bemol, e abaixa em um semitom o som da nota. O sustenido e o bemol são ALTERAÇÕES.

Na escala de DÓ maior encontramos os seguintes intervalos:
De 1 TOM: DÓ a RÉ, RÉ a MI, FÁ a SOL, SOL a LÁ, LÁ a SI.
De ½ TOM: MI a FÁ e SI a DÓ

Num teclado, é fácil entender a sucessão de tons e semitons em uma escala. As teclas brancas são as notas naturais, e as pretas, as notas alteradas.
O Intervalo de meio-tom pode ser:

1) - Cromático, se as 2 notas que o formam forem do mesmo nome:
DÓ - DÓ#.

2) - Diatónico se as 2 notas que o formam tiverem nomes diferentes:
DÓ - RÉb; MI - FÁ

Para determinar o nome de qualquer Intervalo, utiliza-se um processo numérico muito
simples, por exemplo o Intervalo de DO a SOL:

DO (ré mi fa) SOL
1 2 3 4 5




O intevalo acima é um intervalo de 5ª (quinta). O número que dá nome ao intevalo corresponde à posição da última nota em relação à primeira. No entanto, para classificar um intervalo é necessário indicar também o TIPO de intervalo: PERFEITO (P), MAIOR (M), MENOR (m), AUMENTADO (AUM.) ou DIMINUTO (DIM.), dependendo do número de tons e meios-tons que entram na sua formação. Tomando por base a ordem das notas em uma escala e suas posições em relação à primeira nota, podemos definir os graus das notas.
Por exemplo, na escala de DÓ MAIOR, as notas terão os seguintes graus:




Nesta Escala encontramos 2 semitons no 3º para o 4º graus (entre Mi e Fá) e do 7º para o 8º graus (entre Si e Dó). Entre todas as outras notas encontramos intervalos de 1 tom.
Portanto, nesta escala, a sucessão de intervalos entre as notas é:

1 tom 1 tom ½ tom 1 tom 1 tom 1 tom ½ tom
As escalas com essa sequência de intevalos é chamada de Escala Maior. No entanto, se a sequência for esta:

1 tom ½ tom 1 tom 1 tom ½ tom 1 tom 1 tom.

Teremos então uma escala menor. Com estas definições, podemos entender como são classificados os acordes, que são formados com 3 ou mais notas que soam simultaneamente. Há instrumentos que não podem tocar acordes: a voz humana, flauta, trombone, etc. São instrumentos melódicos ou solistas porque só podem tocar melodias - sucessões de notas singulares. Os instrumentos que permitem tocar acordes são instrumentos harmônicos pois neles se fazem harmonias através dos acordes. Exemplos de instrumentos harmônicos: violão, piano, órgão, etc.
Se partirmos da nota DÓ, omitimos a nota RÉ tocamos a nota MI, omitimos a nota FÁ e
tocamos a nota SOL, o resultado será: DÓ - MI - SOL ou seja o Acorde de DÓ MAIOR,
representado abaixo:
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Para determinar o nome de qualquer Intervalo, utiliza-se um processo numérico muito
simples, por exemplo o Intervalo de DO a SOL:

DO (ré mi fa) SOL
1 2 3 4 5




Assim, dizemos que DÓ é a Fundamental do Acorde. A fundamental sempre é a nota mais
grave do acorde e a que define sua classificação. MI é a Terceira do Acorde ( forma um Intervalo de
3ª com a fundamental). SOL é a Quinta do Acorde (forma um Intervalo de 5ª com a fundamental).
Se partirmos de RÉ e com base nas notas da Escala de DO Maior, ficamos com o Acorde de
RÉ - FÁ - LÁ: Acorde de RÉ Menor. O mesmo se passa começando em qualquer das notas da Escala. Estes Acordes de 3 sons:

Acordes Perfeitos, podem dividir-se em 4 categorias:

· ACORDE PERFEITO MAIOR:

Formado por uma 3ª Maior e uma 5ª Perfeita.

· ACORDE PERFEITO MENOR:

Formado por uma 3ª Menor e uma 5ª perfeita.

· ACORDE DE 5ª AUMENTADA:

Formado por uma 3ª Maior e uma 5ª Aumentada.

· ACORDE DE 5ª DIMINUTA:
Formado por uma 3ª Menor e uma 5ª Diminuta.
Estes dois últimos Acordes que contêm Intervalos Dissonantes:
(5ª Aumentada e 5ª Diminuta), denominam-se Acordes Perfeitos Dissonantes.
Além destes Acordes de 3 sons, denominados Perfeitos ou de 5ª (Quinta), temos:
Acordes de 4 sons, denominados Acordes de 7ª (Sétima).
Acordes de 5 sons, denominados Acordes de 9ª (Nona).
Os acordes podem encontrar-se no estado fundamental ou invertidos se a nota mais grave do acorde não corresponder à nota fundamental.

Os acordes de três sons podem apresentar duas inversões:
DÓ - MI - SOL - Estado Fundamental
MI - SOL - DÓ - 1ª Inversão
SOL - DÓ - MI - 2ª Inversão
As notas são as mesmas, embora se encontrem em posições diferentes.
Como já foi dito, a partir de cada nota das escalas Maiores e Menores, formam-se por
intervalos de terceira, acordes, que, respeitando as notas da escala, vão tomando as configurações:
Maior, Menor, Aumentado ou Diminuto.
Para construir acordes de 4 sons acrescenta-se mais uma nota a esses acordes a uma distância de uma terceira, como acontecia já nos acordes de 3 notas: a Sétima.
Se pensarmos no acorde de DÓ Maior, DÓ - MI - SOL, respectivamente tónica, terceira e quinta, a sétima será a nota SI, à distância de um intervalo de uma sétima maior em relação à tônica.
Um acorde de 4 notas é obviamente mais complexo do que um acorde de 3 notas, visto que ao acrescentarmos mais uma nota, aumenta o número de relações harmônicas.
Os acordes também podem ter intervalos de nona, de décima primeira, décima terceira, etc.
Por exemplo, o acorde de DÓ Maior de Sétima (7ª) com nona, seria construído pelas notas:
DÓ - MI- SOL - SI, mais a nota RÉ à distância de uma nona maior em relação à tônica.
Existe outra forma de representar as notas além da forma com notas num pentagrama. Elas podem ser representadas por letras. Nesse caso, a nota LÁ é usada como base para esta notação, sendo representada pela primeira letra do alfabeto (A). A sucessão de notas fica assim:
dó  - C
ré  -  D
mi  - E
fá  -  F
sol  - G
lá  -  A
si -   B
Esta notação é muito usada em cifras, que representam acordes em notação de músicas para instrumentos de corda dedilhada, como o violão e a guitarra. Assim, o acorde de Dó maior é representado por C. O de Dó menor, por Cm.



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MODOS GREGOS

A música grega baseava-se em escalas diatônicas descendentes, chamadas de harmonias, depois historicamente conhecidas como Modos Gregos, e cada uma das escalas estavam ligadas a um significado social, religioso, ético e psicológico. Cada Modo era composto por dois tetracordes diatônicos, denominado diferentemente conforme a disposição de tons e semitons.
Os modos gregos levavam o nome das regiões de onde supunham ser originário. A união de dois tetracordes por disjunção ou conjunção. Dois tetracordes consecutivos unidos por disjunção sem nota comum, independentes, e os tetracordes consecutivos unidos por conjunção com uma nota comum, de ligação intermediária.
- MODO DÓRICO (equivalente de mi a fá descendente), inventado por Tarismas, o Trácio, músico cego que acrescentou uma 4ª corda à lira; considerada um modo grave, de caráter viril, moral, heróico, majestoso, íntegro, sublime, de austera nobreza. Considerado Apolíneo; os instrumentos próprios eram a lira ou a cítara.
-MODO HIPODÓRICO (equivalente de lá a si descendente), tinha como instrumento a cítara e os escritores gregos atribuíam-lhe caráter de nobreza e vigor ou ainda de alegria, de solenidade e bravura. Talvez inventado por Terpandro, o sectário, fundador de uma escola em Lesbos.
- MODO FRÍGIO (equivalente de ré a dó descendente), pretensamente inventado por Mársias, o flautista vencido por Apolo, caracterizava uma música guerreira e de toque militar. Por ser caracteristicamente aulista era considerado dionisíaco
- MODO HIPOFRÍGIO (equivalente de sol a lá descendente), era considerado por Platão como uma harmonia “frouxa e lassa”, e outros autores da época qualificavam-no como “suave” e de “caráter orgíaco e voluptuoso”.
- MODO LÍDIO (equivalente de dó à ré descendente) que segundo Platão são plangentes, sugerindo lassidão e languidez afeminadas, “impróprios às mulheres honestas e principalmente aos homens”.
- MODO HIPOLÍDIO (equivalente de fá a sol descendente) também considerado “orgíaco e voluptuoso” por Platão; entretanto, Aristóteles considerava-o moderado e conveniente às crianças e aos velhos porque a “natureza, nestas idades nos inspira modulações lassas e doces”. Para outros teóricos o modo era qualificado como grave, fúnebre e elegíaco.
- MODO MIXOLÍDIO (equivalente de si a dó descendente) era de origem duvidosa, sendo atribuída a poetiza Safo, denotando queixa, “lamento apaixonado, podendo tanto apaziguar como excitar as paixões”. Plutarco dizia que é um modo patético que convém à tragédia. Para ele, ao associar o mixolídio ao dórico, obtém-se magnificência e dignidade.
No sistema musical helênico a unidade fundamental era o tetracorde, tomando-se por unidade de medida uma série de quatro sons; o sistema completo abrangia 15 sons, correspondentes a 15 cordas de uma lira equivalente. Denominava-se sistema musical perfeito – teleion – a sucessão de quatro tetracordes dóricos, modo que serviu de base às especulações teóricas dos tratadistas, com o acréscimo de uma nota no grave.Além do gênero diatônico, empregavam o cromático e o enarmônico. Foi no período de decadência da arte musical grega que os gêneros cromáticos e enarmônicos foram mais apreciados. O cromático era constituído de 2 semitons e uma terceira menor (2ª aumentada), e o enarmônico, de 2 quartos de tons e uma 3ª maior, permanecendo os sons extremos separados pela nossa quarta menor. Os sons extremos do tetracorde eram de entoação fixa. Tudo isso (modo, tom, gênero) refere-se ao que os gregos denominavam de HARMÔNICA. Outra parte igualmente importante dos seus estudos era a RÍTMICA, que era estreitamente relacionado com a poesia, onde o tempo era marcado pela duração das sílabas que podiam ter dois valores principais: a longa e a breve. A rítmica abrangia os elementos constitutivos do fenômeno musical completo: melodia, palavra, movimento corporal (dança). A unidade de medida era os tempos PRIMEIROS, indivisíveis, correspondentes ao som mais curto, à sílaba mais breve, ao gesto mais rápido. A palavra MODULAÇÃO tinha o mesmo sentido que lhe atribuímos atualmente, que, entretanto, podia ser modal, rítmica ou expressiva. Partiam do ritmo em 3 tempos que eram os mais importantes, contudo usavam também o de 4 e 5 tempos. A grande importância do ritmo provinha do ritmo da poesia, enquanto a música a acompanhava (melopéia). O ritmo era verbal e assim se conservou na Idade Média até o começo da renascença.
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Elegíaco = port. Que encerra tristeza profunda, relativo à elegia. Em forma composicional na poesia, um Dístico elegíaco é a medida formada por estrofes de dois versos (hexâmetro e pentâmetro) de sílabas longas, breves, ou longa e breves.


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Noção de Campo Harmônico

Campo Harmônico nada mais é do que todos os acordes possíveis de serem construídos a partir das notas de uma determinada escala.
Como já vimos os acordes (tríades e tétrades) são formados por saltos de terça.
A sobreposição destas terças gera as notas que formam desde o acorde mais básico ao mais complexo.
Vamos harmonizar a escala de Dó maior, por exemplo:

C D E F G A B C

Esta escala tem uma série de tons e semitons que separam suas notas.
Esta escala possui 7 notas. Se pensarmos um pouco, deduziremos que cada uma dessas notas podem servir de Tônica para um novo acorde desta escala. Em outras palavras, de cada nota da escala maior ira sair um acorde.

Então teoricamente teremos um acorde saindo de C outro de D outro de E, e assim por diante...Resta saber que acorde que é esse. Para isso iremos usar os intervalos para classificar os acordes.

C D E F G A B C

Pegando o C como tônica temos E como sendo sua terça direta, G como sendo a terça da nota E e B como sendo a terça da nota G (Como já vimos uma terça maior corresponde à distancia de 2 tons, e uma terça menor corresponde à distancia de 1 tom e meio)
Obtemos isso: C E G (B)

Percebemos então que se Dó é a tônica Mi é uma terça maior e o Sol é a quinta justa do Dó. O Si é uma sétima maior de Dó (O Si esta entre parênteses, pois o acorde sem ele é uma tríade, com ele é um acorde de sétima ou tétrade). Então constatamos que o acorde que sai da primeira nota é um acorde maior (C7M). Ai vem a pergunta: E isso só vale pra Dó? Não...pois como todas as escalas maiores são geradas a partir da mesma formula (T-T-ST-T-T-T-ST) as distancias entre as notas sempre serão as mesmas.

Exemplo em A maior

T   T    ST   T          ST
A   B   C#   D   E   F#   G#    =   A C# E G#

     ST   T       T    ST
C   D   E     F    G    A    B      = C E G B

Continuando a idéia de obter os acordes a partir de cada nota da escala iremos obter as seguintes notas para cada tônica.

Escala de C: C D E F G A B C

As notas empilhadas ficam assim:

GRAUS
ESCALAS
MI
SOL
SI
MI
SOL
SI
MI
SOL
SI
MI
SOL
SI
MI
SOL
SI
NOMES
DÓ COM SÉTIMA MAIOR
RÉ MENOR COM SÉTIMA MENOR
MI MENOR COM SÉTIMA MENOR
FÁ COM SÉTIMA MAIOR
SOL MAIOR COM SÉTIMA MENOR
LÁ MENOR COM SÉTIMA MENOR
SI MENOR C/ QUINTA MENOR E SÉTIMA MENOR
*

Com isso obtemos os seguintes acordes

C[7M] - Dm[7] - Em[7] - F[7M] - G[7] - Am[7] - Bm(b5)[7]

As notas entre colchetes são as sétimas que podem ser inseridas ou não no acorde ao seu critério.
Como todas as escalas maiores são obtidas com a mesma formula, todas as notas estão separadas pelos mesmos intervalos e por isso a harmonização de qualquer tom é feito da mesma maneira.
Como exercício faça a harmonização da escala maior em todos os tons, você constatará o que afirmamos acima.

Exemplo em A Maior

A[7M] - Bm[7] - C#m[7] - D[7M] - E[7] - F#m[7] - G#m(b5)[7]

E na verdade vamos chamar cada um dos acordes de graus da escala. Cada grau tem uma função importante dentro do contexto tonal, falaremos mais tarde sobre isto. Os graus são escritos em forma de números romanos

I[7M]- IIm[7]- IIIm[7]- IV[7M]- V[7]- VIm[7]- VIIm(b5)[7]

Olhe agora e procure lembrar-se da lição. Você deve perceber que as triades 1, 4 e 5 formam acordes maiores, enquanto as de número 2, 3 e 6 formam acordes menores e, a de número 7 um acorde diminuto. Este padrão repete-se em todas as escalas maiores.
Analisando os resultados terminamos com as formulas mencionadas anteriormente, ou seja:
Acorde maior - tônica (I) + terça maior (IIIM) + quinta justa (VJ)
Acorde menor - tônica (I) + terça menor (IIIm) + quinta justa (VJ)
Acorde meio diminuto - tônica (I) + terça menor (IIIm) + quinta diminuta (Vo).
Este mesmo esquema utilizado na confecção de acordes permite que se discuta a noção de campo harmônico. Observe que construímos uma seqüência de acordes com as notas que formam a escala de C. Esta seqüência de 7 acordes, que contem 3 acordes maiores, 3 menores e 1 diminuto, é a seguinte:

C     Dm     Em     F     G      Am     Bo

Este conjunto forma o que se denomina campo harmônico, no caso o de C. O importante nisto é que os acordes de um mesmo campo harmônico soam harmonicamente quando tocados uns com os outros, e assim as musicas são construídas. Para fazer uma musica em Dó maior, estes serão os acordes que vc utilizará.